Anylson é um escultor de palavras. Seu processo criativo lembra a reflexão de Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor...
Anylson Garcia, o Poeta do Humor que Desafia o Mundo
Mário Loff
Nas terras aquecidas da Cidade da Praia, onde o azul do Atlântico cinge o céu e a aragem bafa cronografias antigas, nasceu Anylson Garcia, um artista que fez do riso sua morada. Pai de cinco filhos — quatro rapazes e uma menina —, Anylson carrega na alma o dom de transformar a vida em espetáculo. Comediante, ator e tecelão de sonhos, ele ergue-se como um farol para a cultura cabo-verdiana, iluminando com humor os becos da existência humana.
Na vastidão do humor universal, Anylson traça seu caminho inspirado por grandes mestres. Tal como Charlie Chaplin, o eterno vagabundo que disse: "Um dia sem riso é um dia desperdiçado", Anylson encontra no sorriso a essência da vida. Em Richard Pryor, o mestre que usava a comédia para desnudar verdades dolorosas, ele reconhece a coragem de rir das próprias cicatrizes. No gênio de Robin Williams, que desafiava o limite entre alegria e melancolia, Anylson vê o poder de tocar a alma humana. E em Dave Chappelle, com sua sagacidade que transcende tempos e culturas, encontra o repercussão de uma voz que desafia convenções e une plateias.
No entanto, como um poeta das correntezas crioulas, Anylson é, acima de tudo, fiel às suas raízes. Ele carrega em si a herança de Nho Puxim, a lenda que entoava entre as vielas de Cabo Verde, e a infância marcada pelas peripécias de Didi dos Trapalhões. Ao admirar Tom Cavalcante, seu ídolo na comédia, ele compreende que o riso, como a poesia, é a mais elevada forma de verdade.
Anylson é um escultor de palavras. Seu processo criativo lembra a reflexão de Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente." Ele escreve, lê, reescreve, e transforma o texto em palco, como quem molda um sopro de eternidade. Assim, cada riso arrancado é uma partícula da alma que ele entrega ao público.
Com mais de 60% de sua audiência conquistada pela internet, Anylson ainda sonha com o calor dos aplausos ao vivo, levando sua arte às comunidades cabo-verdianas espalhadas pelo mundo. Mas ele não deseja apenas subir ao palco; quer também estendê-lo aos outros. Como disse Mário Quintana, "O segredo é não correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham até você." Ele sonha em cultivar um jardim onde novos talentos floresçam, perpetuando a arte de fazer rir.
Seus passos não são apenas de um artista, mas de um guardião da memória.
Como Chaplin, ele entende que o riso é um antídoto para a dor; como Pryor, que é uma arma contra as injustiças; como Williams, que é um portal para a empatia; e como Chappelle, que é uma ponte para o diálogo.
Entre o chão da Cidade da Praia e os palcos do mundo, Anylson Garcia vive como quem encarna os versos de Pablo Neruda: "Rir é a linguagem da alma, e quem ri nunca está sozinho." Ele prova que, onde quer que haja riso, há poesia. E onde há poesia, o espírito humano que dança.
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