Mana Medina, a sábia anciã e parteira que tecia destinos entre os suspiros das brisas noturnas e os murmúrios das estrelas.
Os Mistérios Revelados da Parteira das Estrelas: Um Conto de Magia e Destino
Na pacata vila, onde os segredos sussurravam pelas vielas estreitas e os mistérios permeavam os cantos mais recônditos, habitava Mana Medina, a sábia anciã e parteira que tecia destinos entre os suspiros das brisas noturnas e os murmúrios das estrelas.
Eles partiram todos quando a mulher que vislumbrava o porvir veio ao mundo, envolta no mistério de um saco que a abrigou por trinta dias. A parteira, chamada para assistir ao parto daquela que fora enviada para decifrar o destino, deparou-se com um dilema desafiador. A mulher do futuro estava em perigo, e a escolha era clara: sacrificar os entes queridos que lhe eram tão caros ou abandonar a mulher no saco às garras do destino.
— Minhas plantas, meus animais, minhas amigas, meus bichos, meus budas, minhas Soukous falantes... — sussurrava Mana, enquanto a decisão pesava em seu coração.
Numa jornada que durou um dia inteiro, Mana desvendou os segredos do saco, libertando a mulher do futuro, mas pagando um preço doloroso. Uma luz intensa engoliu tudo o que era seu e a acompanhava até aquele momento, evaporando-os na deidade do tempo, enquanto ela permanecia, aguardando o retorno daqueles que se foram.
II
Na calada da noite, sob o véu prateado das estrelas, a venerável Mana Medina repousava à soleira de sua morada, envolta pelo aroma do tabaco e dos segredos que permeavam seu ser. Os murmúrios dos pequenos, inquietos com os mistérios que envolviam a casa da velha parteira, assonavam pelos becos estreitos da vila.
Naquela noite, os corajosos rapazes e as destemidas meninas se aproximaram, desejosos de desvendar os enigmas que rodeavam a misteriosa anciã. Sentados em círculo ao seu redor, entreolhavam-se com curiosidade e respeito, prontos para ouvir os segredos que ela guardava.
— Por que preferem me observar à distância, quando poderiam se sentar aqui comigo? — indagou Mana, com ternura nos olhos.
Os pequenos, hesitantes, revelaram os temores incutidos pelos pais, que os advertiam sobre os supostos poderes da velha parteira. Surpresa, Mana questionou:
— Nunca lhes disseram que tipo de mortos eu falo?
A conversa brotava como um riacho serpenteando entre as pedras, enquanto a anciã compartilhava sua sabedoria e os meninos se maravilhavam com a profundidade de suas palavras. Sob o manto cintilante das estrelas, ela revelou-lhes os segredos do passado, abrindo velhas fotografias e convocando os deuses da terra e do céu e da República dos Bichos que foram na luz do universo.
Os pequenos, embriagados pela magia do momento, mergulharam na dança das estrelas e no murmúrio dos antigos, transportados para um mundo de cores e encantos. A música repetia pelos recantos da vila, enquanto os animais, plantas e anciãos ganhavam vida nas velhas imagens.
Ao raiar do dia, os pais chegaram, interrompendo o encanto daquele momento mágico. Mas a alegria de Mana persistia, pois sabia que havia compartilhado um instante de magia com aqueles que a observavam com respeito e admiração.
Ao fechar a porta da frente depois de tantos anos, um novo capítulo se iniciava para a velha parteira. Do interior, emergiu uma mulher de um óvulo semelhante a um saco, entregando-lhe uma moa. Juntas, desapareceram na luz, rumo a outras dimensões, enquanto a vila adormecia sob o sussurro das estrelas e o mistério das histórias que ali tocavam.
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