Gilyto fala de funana e de Mcs
Gilyto usa sua pagina de rede social para dezabafar...
"Refletindo sobre o que tenho lido nestas últimas semanas sobre os MC’s/MÚSICOS, FUNANÁ/KÔTXI PÓ…
Em finais dos anos 90, eu entusiasmado, jovem e querendo fazer a fusão da minha energia, dança e visão com o talento e a sabedoria de alguns dos mestres da música de Cabo Verde:
A bagagem de Zeca Nha Reinalda, e a técnica do Dabs Lopes, Djoy Splash, Valdemar Semedo Moreira NL, Danilo Tavares & Kim Alves.
E mais tarde 2 colegas de palco que também ajudaram-me na minha evolução: Tino Correia (Tino Mc) & Joao Barbosa (JP)
Investi tempo, apaixonadamente, aprendendo com eles nos estúdios.
As minhas primeiras gravações foram no estúdio de Zeca em Achada Grande, Cabo Verde, e posteriormente, em Roterdão, a Meca da produção de música moderna cabo-verdiana nos anos 90.
Essa jornada de aprendizado e colaboração me permitiu estabelecer uma base sólida para a criação dos meus temas:
“LARGA”, “BÁGU NA TXÁDA”, “SEREIA N’AREIRA”, “NHU CESA”, “STRIBILIN!” e muitos mais.
Essa base foi construída sobre a premissa de que a qualidade importa mais que a quantidade, e que a autenticidade e a paixão pela música são os ingredientes chave para a verdadeira expressão artística.
A intersecção entre quantidade e qualidade é um tema de importância crucial em todas as esferas da vida, mas torna-se particularmente significativo quando consideramos a música. Como arte e meio de expressão, a música sempre oscilou entre a necessidade de produzir novas obras e a necessidade de manter um certo nível de excelência.
Observamos isso claramente na evolução dos estilos musicais cabo-verdianos, Funaná e Kôtxi Pó.
O Funaná, um estilo musical com raízes profundas na história e na cultura de Cabo Verde, tem um ritmo acelerado e dançante, marcado pela utilização de gaita e ferrinho. Este estilo inspirou a criação do Kôtxi Pó, um gênero mais recente que adicionou elementos modernos ao Funaná, como batidas eletrônicas e letras mais urbanas e contemporâneas.
Embora ambos os estilos musicais possam coexistir e se complementar, é importante compreender suas diferenças e peculiaridades.
Tal conhecimento é fundamental para os artistas que desejam produzir música dentro desses gêneros.
Ao criar novas músicas, os artistas não devem se limitar à rapidez e à facilidade de produção; pelo contrário, devem investir tempo e esforço para dominar a musicalidade, o tom e a instrumentação de suas obras.
Esta regra aplica-se tanto aos cantores de Funaná e Kôtxi Pó como aos MCs e outros artistas.
Independentemente do estilo musical que escolhem seguir, o foco deve estar sempre na qualidade.
É a qualidade do trabalho que irá definir o tipo de artista ou produtor que são, e também que impacto terão na cultura musical de Cabo Verde.
Os artistas como o jovem MC Acondize, que se destacam pelo seu compromisso com a qualidade, são um exemplo notável a seguir.
Acondize, apesar de sua juventude, tem sido capaz de trazer novidade e qualidade para a música, o que foi reconhecido e premiado nos CVMA 2023.
A sua jornada demonstra como é possível alcançar sucesso e reconhecimento sem comprometer a qualidade artística.
Ele realmente tem sido nos últimos anos, o “STAGE BOY!”
Resumindo e concluindo, se houver Funaná de qualidade, Kôtxi Pó de qualidade, cantores de qualidade e MCs de qualidade, todos eles encontrarão seu lugar no palco da música de Cabo Verde.
A crítica, embora importante, não deve ofuscar a busca pela excelência musical.
Afinal, é a qualidade e não a quantidade que vai moldar a evolução da cultura musical cabo-verdiana."
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