A administração da TVA lamenta, pois, que a parceria proposta à FCF não tenha vingado
COMUNICADO DA TVA
Na sequência das inúmeras mensagens que nos têm sido dirigidas pelos nossos telespectadores, a quererem saber se iremos transmitir os jogos do Campeonato Nacional de Futebol, lamentamos informar que não.
Os direitos foram adquiridos por outros operadores, que irão fazer as transmissões. Assim, só nos resta desejar aos nossos concorrentes os maiores sucessos, e aos telespectadores um bom acompanhamento da competição.
COMU|NICADO da Federação Cabo-verdiana de Futebol, em resposta:
Considerando o comunicado emitido e divulgado nas redes sociais pela TVA, sobre a transmissão dos jogos do campeonato nacional, vem a Federação Cabo-verdiana de Futebol emitir o seguinte esclarecimento:
1 – Tendo em vista a transmissão dos jogos do campeonato nacional 2021/2022, a Federação Cabo-verdiana de Futebol quis saber junto dos canais de Televisão, entre eles a TVA, no mercado nacional, as pretensões e as condições para a transmissão dos jogos.
2 – No que diz respeito a TVA, esta Televisão apresentou uma proposta cujo orçamento, em milhares de contos, está fora das possibilidades da Federação Cabo-verdiana de Futebol, para além de, sendo o campeonato nacional um produto da Federação, não faz sentido ser a Federação a pagar às Televisões para “explorar” um produto que lhe pertence, aliás, como acontece em toda a parte.
3– Assim, a Federação informou a TVA a decisão de não a aceitação da proposta apresentada, bem como os fundamentos da mesma, acontecendo, o mesmo, com outros canais que manifestaram o interesse em transmitir os jogos.
4 – A TCV , bem como a GAFT SPORTS, entraram em contacto com a Federação Cabo-verdiana de Futebol manifestando o interesse em transmitir os jogos, sem quaisquer custos para a Federação Cabo-verdiana e sem exclusividade, o que significa que todos os demais canais poderão transmitir os jogos, desde que requeiram a devida autorização à Federação Cabo-verdiana de Futebol, através das respetivas Associações Regionais.
5 – Assim, a Federação autorizou a TCV, a GAFT SPORTS e a todos os canais que transmitiram os jogos durante os campeonatos regionais a transmitirem os jogos, e a própria TVA foi e está autorizada a transmitir, querendo, os jogos do campeonato nacional. Portanto, não houve qualquer concurso para a atribuição do direito de transmissão dos jogos do campeonato nacional e a própria TVA está autorizada, querendo, a transmitir os jogos.
ESCLARECIMENTO, postado pela TVA sobre o comunicado da Federação Cabo-verdiana de Futebol:
TVA PROPÔS À FCF O CO-FINANCIAMENTO DA PRODUÇÃO DOS JOGOS E OFERECEU DIFUSÃO TOTALMENTE GRATUITA PARA O PAÍS E PARA A DIÁSPORA
A Administração e a Direcção da TVA ficaram surpreendidas com um comunicado publicado no Facebook pela Federação Cabo-verdiana Futebol, com essa instituição, num acto de autodefesa e justificação, perante a opinião pública, pelo facto de esta estação não estar envolvida na transmissão dos jogos do Campeonato Nacional de Futebol, que arranca este fim-de-semana.
Do mesmo passo, a FCF fala de uma proposta de milhares de contos feita pela TVA como condição para transmitir (e não para produzir, como na realidade é o caso) os citados jogos, deixando entender que a Televisão África estaria a praticar uma espécie de extorsão ou, no mínimo, a inflacionar os custos dos seus serviços de modo a obter lucros fabulosos e indevidos.
Nada mais falso, uma vez que, em primeiro lugar, foi a FCF a solicitar uma proposta técnica e financeira à TVA, que apenas se limitou a apresentar os custos associados e calculados ao tostão e sem nenhuma perspectiva de obtenção de lucros, para a referida produção. Assim, a citada proposta incluía a produção integral de todos os 41 jogos do calendário do CN, numa operação que implicava montar uma logística com as seguintes necessidades:
• Deslocações semanais de 06 equipas de 07 pessoas, num total de 42 pessoas, a todas as ilhas onde os jogos vão ter lugar;
• Alojamento e alimentação semanal, durante 3 dias, para 42 pessoas;
• Transporte, de avião, de todo o equipamento necessário;
• Seguro dos equipamentos e dos profissionais;
• Instalação de conexões de Internet de Banda Larga em todos os recintos de jogos;
• Mobilidade local (Transporte Rodoviário);
• Pagamento dos serviços dos profissionais envolvidos
• Outras despesas associadas.
Como se pode constatar, a TV África, sendo um canal privado que não recebe qualquer apoio público, não conseguiria, de forma nenhuma, arcar com tais despesas, enquanto a FCF, estribada no facto de ser a detentora dos direitos do jogos, se limitava a cedê-los e a beneficiar de toda a visibilidade, marketing e projecção desportiva e social que tais transmissões proporcionariam.
A FCF em nenhum momento fez uma contraproposta a que foi apresentada pela TVA, limitando-se a fazer uso da sua suposta posição de força esgrimindo o facto de os direitos de transmissão do evento lhe pertencem, para convencer justificar o entendimento enviesado de que a TVA é que cabe pagar ou então produzir os jogos a custo zero. Com isso, embora seja uma instituição de organização desportiva, a FCF mostra que está a laborar em alguma confusão no entendimento que tem deste tipo de negócio.
Uma coisa é a produção de conteúdos e outra coisa é a transmissão desses conteúdos. Qualquer direito de transmissão obstêm-se sobre conteúdos já produzidos e prontos para difundir.
Nenhum direito pode impender sobre algo que não foi produzido. Para que os jogos sejam materialmente comercializáveis, as imagens têm de ser captadas, realizadas, comentadas e transformadas num sinal audiovisual que qualquer entidade difusora pode pegar e distribuir. Assim sendo, enquanto o evento não tiver esse valor agregado, o seu organizador não dispõe de nada para vender ou doar.
No caso do Campeonato Nacional, um evento de primeira grandeza do desporto cabo-verdiano, merece uma produção à altura, com equipamentos e profissionais de gabarito, como os que a TVA pode disponibilizar. Foi isso que a proposta aqui em análise colocou à disposição da entidade máxima do futebol nacional, evitando o recurso a equipamentos como câmaras DSLR sem qualidade necessária, ou ainda operadores sem formação e sem experiência, o que obstaculizaria a oferta de um serviço de qualidade aos amantes do desporto e comprometeria a dignidade da mais importante prova do calendário desportivo nacional.
Assim, para esclarecimento público, reafirmamos que o que se pretendeu obter da FCF foi o co-financiamento das despesas de produção (deslocações, transporte, alimentação, concetividades etc), uma vez que a TVA colocaria, nessa parceria, de forma absolutamente gratuita, a sua experiência, os seus equipamentos, o seu pessoal, as suas plataformas e o sinal aberto do canal TVA. A visão da Federação Cabo-verdiana de Futebol, que é a entidade que mais ganha com uma boa e integral transmissão dos jogos do Campeonato Nacional, devia ser na perspectiva de que lá onde existem dividendos imateriais a retirar, a relação com outras entidades tem de ser win-win, sendo que, não podendo haver lucros financeiros, os riscos e os custos devem ser partilhados.
Na sua proposta, que também incluía, além da transmissão totalmente gratuita de todos os jogos, a apresentação de um programa de estúdio de análise, comentário e reportagem sobre os jogos e as jornadas, a TVA nunca pediu para si a exclusividade dos direitos de transmissão, muito pelo contrário. Sempre deixou claro que a FCA disporia da produção das transmissões, podendo ceder, dar ou vender o sinal a quem entendesse, nomeadamente outras operadoras, ou difundi-las nas plataformas que identificasse como próprias.
Mas a posição da FCF nunca foi leal ao longo do processo. Enquanto tentava negociar com a TVA, já tinha oferecido os direitos de transmissão a outras entidades que laboram no mesmo ramo de actividade. Assim, ao tentar conseguir patrocínios para a eventualidade de a negociação com a FCF chegar a bom porto, a TVA deparava-se com a resposta das empresas em como já estavam comprometidas com outros operadores que iam transmitir o Campeonato Nacional.
Diga-se, entretanto, a título de acrescento, que uma dessas operadoras, não dispondo dos recursos técnicos e humanos que a TVA conseguiu ao longo dos tempos angariar com muito esforço, têm estado a tentar aliciar os quadros da estacão, nomeadamente operadores de imagem e até jornalistas, para com eles trabalharem nas transmissões que arrancam já amanhã.
A administração da TVA lamenta, pois, que a parceria proposta à FCF não tenha vingado, e que aquela entidade tenha concluído que o propósito da estação era apenas ganhar dinheiro. O que resulta é que os cabo-verdianos ficaram privados de 41 jogos entre as equipas campeão de todas as ilhas, produzidas, de Santo Antão a Brava, com o mesmo padrão de rigor e qualidade, em HD e acessíveis nas mais variadas plataformas, a saber em sinal aberto de TDT em em mais de 97 por cento do território nacional, nas plataformas ZAP, da CV Multimédia, Casa Mais, da UNITEL T Mais e MEO, em Portugal, além das redes sociais, em Live Streaming.
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