O apelido Dr. Aristides é porque faz o papel de advogado dos colegas e conhece muito bem a lei e o código penal.
Postagem de 25 de Agosto de 2014, pela Ocean Press
Ex-presidiário revela - “A cadeia torna-nos psicopatas” - Reportagem
Aristide Gaspar, Dr. Aristide, como é conhecido no mundo do crime saiu da cadeia de Ribeirinha, São Vicente há cerca de uma semana
Mindelo – 25 de Agosto. 2014 – Conhecido pela sua bela aparência e inteligência, Dr. Aristides conheceu as grades aos 16 anos e hoje, com 37 anos, conta ao Ocean Press como se iniciou no mundo do crime.
Aos 7 anos de idade abandonou a escola e começou a fugir de casa para dormir e pedir esmolas nas ruas de Mindelo e naquela altura preferia dormir nos atrás do Retimar, da Capitania dos Portos, nos Cais, no mercado de peixe ou nas varandas das moradias e era muito humilhados pelas pessoas, mas sobretudo pelos colegas mais velho que lhe batiam, segundo conta o Dr. Aristides.
Foi por isso que começou a desenvolver um espírito de vingança e de maldade por causa dos abusos dos mais velhos e a “sociedade não entende isso”, disse .
Dr. Aristides conta que cresceu entre prostitutas, psicopatas, drogou-se durante 3 anos, usava “bace”, cocaína cozinhada muito perigosa, mas há 20 anos que não as usa. Destacava-se entre os outros criminosos pela sua forma de vestir sofisticado, de aproximar-se das pessoas e até pela forma como comete os crimes. O apelido Dr. Aristides é porque faz o papel de advogado dos colegas e conhece muito bem a lei e o código penal.
Quando tinha 16 anos chamou á atenção por praticar várias delinquências, furtos até que um dia começou a assaltar moradias, em busca de uma vida melhor, segundo afirmou. Comprou uma casa, mobilou-a, e organizou uma família com a mãe do primeiro filho, mas a droga levou tudo.
Com uma vida sempre arriscada, aos 16 anos conheceu a prisão e passou a ser frequentador constante.
A última passagem pela prisão terminou 14 deste mês, onde estava previsto cumprir uma pena de 8 anos e 10 meses por falsificação de notas, mas acabou por cumprir apenas 6 anos e 10 meses por bom comportamento, segundo disse o ex-presidiário que caracteriza a prisão como um espaço privilegiado para a formação de criminosos e psicopatas.
“Quem achar que cadeia é um lugar para corrigir as pessoas, é ignorante. A polícia e o tribunal envia-nos para lá para sermos corrigidos mas quando entramos numa cadeia encontramos todo tipo de criminosos, ignorantes e traficantes entre presos e guardas-prisionais”, disse que no seu caso nunca lhe foi dada uma oportunidade de se reintegrar na sociedade, reintegração essa que ele acha que é uma “fachada”.
Pai de quatro filhos, um dos quais a mãe também é presidiária, Aristides diz que hoje quer ser um novo homem, em nome dos filhos, sobretudo porque um deles tem procurado segui-lhe os passos e não é este o caminho que deseja para os filhos.
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