"Há crianças a morrer de fome, mesmo aqui ao nosso lado, num país para onde os portugueses vão de férias, ser felizes e aproveitarem aquelas praias incríveis." - Rita Pereira
Abraão Vicente reage às declarações da atriz portuguesa- "Ninguem está a morrer de fome em Cabo Verde"
Video de Rita Pereira
Postagem do ministro Abraão Vicente no faccebook...
Querida Senhora Rita Pereira estou muito sensibilizado com o seu vídeo e a sua preocupação com Cabo Verde. Mas quero que saiba que ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde. Quero que saiba que “fome” é um tema muito sensível para os cabo-verdianos e agradecíamos que não se tocasse nele assim de forma tão superficial. Caso não saiba Cabo Verde ao longo da sua história passou, de facto, por vários ciclos de fome e morte. Ficamos marcados pela perda e pelo desaparecimento de famílias e gerações. Da segunda metade do século XVIII (18) aos anos 50 do século XX (20) calcula-se, por alto, que terão morrido mais de 120 mil cabo-verdianos de Fome. Entre os anos de 1854-56 cerca de 25% da população do arquipélago morreu, também devido à fome. As fomes de 1941-43 e 1947-48, mataram cerca de 45.000 pessoas. Entre 1946-48, a ilha de Santiago perdeu 65% de sua população quer pela fome, quer pela emigração em massa, nomeadamente para S. Tomé. Posto isso, e peço ajuda ao nosso conterrâneo Nelson Freitas (que com certeza tinha as melhores das intenções), que lhe passe a seguinte mensagem: é certo que ainda temos pobreza, temos famílias que precisam de auxilio do estado e da comunidade mas podemos dizer taxativamente que após a independência de Cabo Verde (1975), graças a um esforço colectivo do nosso povo, dos nossos emigrantes e dos nossos parceiros internacionais conseguimos erradicar essa fome que mata crianças e velhos e que deixa cicatrizes na pela da nação.
Sem mais, envio-lhe um abraço em nome de todos os cabo-verdianos e peço-lhe que retire o vídeo onde diz que há crianças a morrer de fome em Cabo Verde. Cuide-se, use máscaras ao sair de casa e mais uma vez obrigado pela sua preocupação.
Meu nível de interesse por polémicas é igual a ZERO. Meu ponto é simples: sim, há pobreza em Cabo Verde, sim há famílias que passam dificuldade. Não, nenhuma criança morreu de fome em Cabo Verde (MORRER de fome é o extremo), não, não somos um paraíso de miseráveis. Todas as ajudas a pessoas necessitadas são bem-vindas aqui como são em Nova York, em Lisboa, em Paris, em Londres, em Genéve, em Madrid, em Dakar, em Lagos, em Pequim, em Tóquio e pelo mundo fora. Neste momento o mundo assiste à maior crise humanitária de sempre. A miséria e a pobreza não são exclusivas de países do terceiro mundo. Como cabo-verdiano recuso-me terminantemente a comprar e a vender uma narrativa miserabilista de nós próprios. A nossa história deveria dar-nos um maior sentido de dignidade e orgulho próprio.
Video de Rita Pereira
Postagem do ministro Abraão Vicente no faccebook...
Querida Senhora Rita Pereira estou muito sensibilizado com o seu vídeo e a sua preocupação com Cabo Verde. Mas quero que saiba que ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde. Quero que saiba que “fome” é um tema muito sensível para os cabo-verdianos e agradecíamos que não se tocasse nele assim de forma tão superficial. Caso não saiba Cabo Verde ao longo da sua história passou, de facto, por vários ciclos de fome e morte. Ficamos marcados pela perda e pelo desaparecimento de famílias e gerações. Da segunda metade do século XVIII (18) aos anos 50 do século XX (20) calcula-se, por alto, que terão morrido mais de 120 mil cabo-verdianos de Fome. Entre os anos de 1854-56 cerca de 25% da população do arquipélago morreu, também devido à fome. As fomes de 1941-43 e 1947-48, mataram cerca de 45.000 pessoas. Entre 1946-48, a ilha de Santiago perdeu 65% de sua população quer pela fome, quer pela emigração em massa, nomeadamente para S. Tomé. Posto isso, e peço ajuda ao nosso conterrâneo Nelson Freitas (que com certeza tinha as melhores das intenções), que lhe passe a seguinte mensagem: é certo que ainda temos pobreza, temos famílias que precisam de auxilio do estado e da comunidade mas podemos dizer taxativamente que após a independência de Cabo Verde (1975), graças a um esforço colectivo do nosso povo, dos nossos emigrantes e dos nossos parceiros internacionais conseguimos erradicar essa fome que mata crianças e velhos e que deixa cicatrizes na pela da nação.
Sem mais, envio-lhe um abraço em nome de todos os cabo-verdianos e peço-lhe que retire o vídeo onde diz que há crianças a morrer de fome em Cabo Verde. Cuide-se, use máscaras ao sair de casa e mais uma vez obrigado pela sua preocupação.
Meu nível de interesse por polémicas é igual a ZERO. Meu ponto é simples: sim, há pobreza em Cabo Verde, sim há famílias que passam dificuldade. Não, nenhuma criança morreu de fome em Cabo Verde (MORRER de fome é o extremo), não, não somos um paraíso de miseráveis. Todas as ajudas a pessoas necessitadas são bem-vindas aqui como são em Nova York, em Lisboa, em Paris, em Londres, em Genéve, em Madrid, em Dakar, em Lagos, em Pequim, em Tóquio e pelo mundo fora. Neste momento o mundo assiste à maior crise humanitária de sempre. A miséria e a pobreza não são exclusivas de países do terceiro mundo. Como cabo-verdiano recuso-me terminantemente a comprar e a vender uma narrativa miserabilista de nós próprios. A nossa história deveria dar-nos um maior sentido de dignidade e orgulho próprio.
COMMENTS