Comunicado do Presidente sobre o atentado do passado dia 29 de julho
Como é do conhecimento público, no passado dia 29 de julho do corrente ano, pelas 5:40 aproximadamente, fui vítima de um covarde atentado, onde fui atingido no braço direito.
Passado uns dias internado no Hospital Agostinho Neto, em que aproveito para agradecer pelo excelente tratamento por parte dos profissionais de saúde do referido Hospital, e por isso, quero aproveitar esta ocasião para expressar a todos, sem exceção, os meus mais sentidos votos de agradecimento por tudo que fizeram, especialmente à equipa do serviço de ortopedia, pela sua competência e dedicação.
Igualmente, aproveito para endereçar os meus agradecimentos às pessoas que me socorreram de pronto aquando do cobarde ataque.
Agradeço ainda, a solidariedade de todos, das autoridades locais, nacionais e internacionais, mas também dos cidadãos, tantos amigos como desconhecidos, que manifestaram de forma veemente o seu repúdio pela vileza do ato, perpetrado por encapuzados, sem desconsiderar a hipótese de comando à distância por um autor moral.
Até este momento - e este é o meu entendimento pessoal - todos os sinais apontam no sentido de se tratar de uma cobarde vingança por ato que eu tenha praticado enquanto Presidente da Câmara Municipal da Praia. Sei, e sempre soube, que o exercício rigoroso do cargo que me foi confiado implica agradar e desagradar, que gera satisfação e insatisfação, pois, como muitas vezes se diz, é impossível agradar a gregos e a troianos ao mesmo tempo.
Nós que verdadeiramente acreditamos no sistema democrático, comungamos da funda convicção de que o caminho para os insatisfeitos é, para além da reclamação, a barra dos tribunais e não o tiro de pistola empunhada por mão criminosa.
A ousadia do ato cobarde, de atacar um titular de cargo público investido num mandato popularpara cumprir um programa eleitoral, exige das autoridades policiais uma resposta pronta, enérgica e eficiente, pois que os criminosos não tiveram outro intuito que não fosse o de condicionar o exercício de um cargo público.
A impunidade deste ato pode dar uma contribuição decisiva para fazer escola em Cabo Verde, a tese de que é melhor não decidir ou então todas as decisões passam a ser condicionadas, fugindo ao cumprimento escrupuloso da lei e do programa sufragado por voto popular, evitando-se o risco de se ser abatido a tiro por insatisfeitos.
Creio que posso ousar falar em nome de todos os titulares de cargos eletivos, especialmente os autarcas, fazendo por esta via o mais veemente apelo às autoridades policiais no sentido de não deixarem perder esta investigação, pois o que está em causa é aquilo que nos é mais caro: a liberdade, aqui a liberdade de exercer o mandato popular sem medo, sem qualquer espécie de condicionamento, salvaguardando deste modo um elemento estruturante do nosso sistema democrático.
A ousadia e cobardia do atentado e os fins com ele procurados não podem deixar de merecer uma resposta de elevada proporção das autoridades, para evitar que essa via possa ser admitida como hipótese de trabalho pelos criminosos, inimigos da democracia e da liberdade e que votam um total desprezo pela vida humana.
De informar, que já me encontro em fase adiantada de recuperação, devendo muito em breve retomar as minhas atividades, enquanto Presidente da Câmara Municipal Praia.
Eu e a minha família confiamos no sistema judicial cabo-verdiano e aguardamos serenamente pelos resultados da investigação policial.
Em conclusão, quero garantir aos munícipes praienses a minha firme determinação de não me ceder um milímetro que seja em defesa dos seus interesses e quero, de igual modo assegurar-lhes que nenhuma ameaça dos inimigos da democracia e da liberdade, que votam um total desprezo pela vida humana, sirva para me desviar do desejo de servir a Causa publica, melhor dito, o município da Praia, fonte que me inspira, me ilumina e me dá força para lutar, nada obstante as adversidades que ocorram aqui e ali.
/Óscar Humberto Évora Santos/
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