É preciso frisar que, um negro que cresce e desenvolve-se no mundo português, luta contra várias forças invisíveis.
Racismo português - A guerra das raças
Ritchaz Cabral. Dexam Sabi CV
Mais uma vez, um polícia branco agride um negro de forma abusiva e excessiva; por outro lado, mais um negro ameaçou a integridade física da autoridade e do egocentrismo português.
Desta última, foi no bairro Jamaica; em várias outras ocasiões, foram pela Cova da Moura, 6 de Maio, Talaide, Casal da Mira, etc. Todos estes locais, bordas de Lisboa, são locais de confronto entre a lei e a criminalidade e, mais do que isso, são também locais onde o jogo da sobrevivência racial se desenrola verdadeiramente. São bairros sociais quase improvisados para a receção das pessoas mais pobres, incluindo imigrantes e os seus descendentes. São também zonas onde os sucessivos governos portugueses têm feito uma espécie de escolta policial, onde os “bairristas” são controlados a rigor, debaixo duma tenção de guerra que os “não bairristas” nunca perceberam, mesmo morando a poucos quilómetros do “inferno”.
Nesses bairros, cobertos pelo poder egoísta do mundo Ocidental e ignorado pela humanização hipócrita do mesmo, as pessoas negras ou pobres presenciam a verdade que dita a real sobrevivência humana: no lucro, não existe espaço para todos. As riquezas portuguesas são propriedade com o objetivo principal de abastecer os nativos locais, brancos, ou os que podem criar mais riqueza nacional. Enquanto que o imigrante ou descendente não capacitado, é mais um corpo de serventia para trabalhos que requerem mão de obra, mas não requerem as mentes e vontades dos mesmos. Com isto, quero dizer que existem muitos portugueses, nativos e conservadores, que não esperam ver “estrangeiros” a partilhar o mesmo património nacionalista. Não esperam sequer, em vários casos, ver um negro tornar-se português igual a eles. Falo em termos de igualdade e direitos, mas não só, falo também de prestígio e privilégio de cidadão.
Por outro lado, imigrantes e descendentes africanos crescem e constroem vidas inteiras num espaço, Portugal, onde querem se afirmar requerendo as mesmas regalias. Após décadas de submissão para obtenção do salário, ou qualquer dinheiro, hoje, jovens negros, alguns já portugueses, pensam para além do sobreviver.
É preciso frisar que, um negro que cresce e desenvolve-se no mundo português, luta contra várias forças invisíveis. Forças essas que o convidam a tornar-se agressivo e protetor de si. Primeiro, a humilhação histórica de ter a família imigrada por força e culpa da crise geral instaurada no seu país de origem, é um confronto psicológico e pessoal que afronta qualquer jovem, sentindo-se ele como se fosse um pedinte sujeito aos maus tratos dos outros cidadãos. Segundo, o negro, por si só, já carrega outra humilhação histórica e superior, causada pela famosa escravatura do passado, que na visão racista de muitos ocidentais, não passa dum fato que comprova a presumível inferioridade africana.
Por ser visto como inferior na mesma ótica racista, o sentimento de não ser bem-vindo é latente em qualquer jovem negro, mesmo que tenha não tenha experienciado maus tratos diretos.
Todas estas influências de mal-estar, fragilizam o jovem negro.
Por ser visto como inferior na mesma ótica racista, o sentimento de não ser bem-vindo é latente em qualquer jovem negro, mesmo que tenha não tenha experienciado maus tratos diretos.
Todas estas influências de mal-estar, fragilizam o jovem negro.
A falta de preparação policial, é um assunto urgente e ainda ignorado pelas políticas portuguesas. Os agentes portugueses continuam a não saber lidar com pessoas de origens diferentes, e, por assim ser e não estarem preparados, parte significativa da polícia portuguesa, demonstra atitudes racistas, toleradas pelos partidos de direita e os cidadãos mais conservadores. Esses policias racistas, são os conhecidos agentes com as armas constantemente apontadas para os tais bairros sociais. O ódio de parte a parte chega facilmente a modos físicos, perpetuando e alastrando uma onda de ódio entre pessoas que partilham o mesmo país. E, por várias vezes, lamentavelmente, essas guerras começam pela própria mão policial, com agentes equiparados a matilhas, prontos para fazer pressão psicológica aos jovens já em tensão.
Entidades competentes como a SOS Racismo tem estado a lutar contra as políticas que ainda promovem a denegrição do Homem negro, mas, ainda sem muito sucesso, porque, refira-se, na generalidade, os portugueses continuam sem dar importância à sua própria pré-potencial e arrogância perante as necessidades das minorias étnicas.
Mais do que emoções de raiva, e para que o governo português invista em medidas certas e contra a discriminação constitucional, será necessário, por ventura, serem as pessoas de fora, negros e representantes competentes como os próprios países africanos, a consciencializar e a fazer pressão sobre o egoísmo cego de Portugal, entre outros países.
Será necessário uma intelectualidade a cima dos discursos apaziguadores e presunçosos, para acabar com a farsa de que, o racismo não é tão importante. Será necessário mais conhecimento histórico e jurídico, entre outros conhecimentos, e, no fim, a etnia negra só terá uma saída: não é através da violência, mas sim através de atitudes de lógica para que a barbaridade irracional e portuguesa, ou Ocidental, extinga-se nas mãos do atual humanismo. Com isto, não peço que se use o humanismo como mera arma, mas sim que, negros e negras sejam os futuros maiores dominadores da filosofia que envolve o próprio humanismo.O respeito maior conquista-se com a sabedoria.
Será necessário uma intelectualidade a cima dos discursos apaziguadores e presunçosos, para acabar com a farsa de que, o racismo não é tão importante. Será necessário mais conhecimento histórico e jurídico, entre outros conhecimentos, e, no fim, a etnia negra só terá uma saída: não é através da violência, mas sim através de atitudes de lógica para que a barbaridade irracional e portuguesa, ou Ocidental, extinga-se nas mãos do atual humanismo. Com isto, não peço que se use o humanismo como mera arma, mas sim que, negros e negras sejam os futuros maiores dominadores da filosofia que envolve o próprio humanismo.O respeito maior conquista-se com a sabedoria.
Ritchaz Cabral. Dexam Sabi CV
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