Por Luís Carvalho, da Agência Inforpress
Há quase um ano que a jovem Edine Soares, e o seu bebé de menos de um mês de idade, estão desaparecidos, enquanto a pequena Edvânea, de Eugénio Lima, completa hoje seis meses sem se saber o seu paradeiro.
A 28 de Agosto de 2017, Edine Jandira Robalo Lopes Soares, 19 anos, deixou a casa em Achada Grande Frente (Praia) alegando que ia levar o bebé para o controlo no PMI (Programa Materno-Infantil), na Fazenda, Cidade da Praia. Mãe e filho nunca mais foram vistos.
A 14 de Novembro do ano passado, Edvânea Gonçalves saiu para fazer um mandado, a pedido da mãe, junto de uma vizinha a pouco mais de 100 metros da sua residência, até hoje não voltou.
A 03 de Fevereiro de 2018, Clarisse Mendes (Nina), de 9 anos, e Sandro Mendes (Filú), de 11, saíram de casa, em Achada Limpa, onde se encontravam na companhia da avó, para ir comprar açúcar na localidade de Água Funda, na Cidade da Praia, e ainda não regressaram.
A 06 de Fevereiro, em nota de imprensa, o Ministério Público anunciou a criação de uma equipa conjunta de magistrados, Polícia Nacional e Polícia Judiciária para investigar o desaparecimento de crianças na Cidade da Praia, havendo registo de quatro casos suspeitos de sequestro.
No dia 07 de Fevereiro, uma fonte da Polícia Judiciária (PJ) revelou à Inforpress que umas ossadas humanas encontradas a 18 de Janeiro, em Ponta Bicuda, Achada Grande Trás, Cidade da Praia, apontavam no sentido de pertencerem a uma criança.
A mesma fonte não adiantou pormenores, alegando que naquele momento se estava a preparar a redacção do relatório.
“Quando houver algum resultado credível, falaremos sobre este assunto”, disse a fonte que não quis entrar em detalhes.
Aqueles restos mortais, segundo consta, foram enviados a Portugal para efeito de uma melhor perícia. No entanto, até ao momento nada se sabe a respeito porque as autoridades competentes na matéria não revelaram.
A 22 de Fevereiro, em declarações à imprensa, o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, deixou transparecer que aquelas crianças podiam estar prestes a serem libertadas, ao afirmar que quem as tem na sua posse sabia que estava “a ser caçado nessa altura”.
No dia 10 de Maio, o Procurador-Geral da República (PGR), Óscar Tavares, garantiu aos jornalistas que o processo sobre desaparecimento de pessoas em Cabo Verde tem avançado do ponto de vista da investigação e que há índicos de que as mesmas possam estar vivas.
O desaparecimento misterioso de pessoas já levou à realização de várias manifestações de rua, sobretudo na capital do país e altas entidades têm expressado inquietude em relação a esta problemática.
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, exprimiu a sua inquietude em relação a estes casos, tendo afirmado que a situação “exige resposta por parte das autoridades” e que, caso fosse necessário, o país devia solicitar apoio a nível exterior.
O Cardeal Dom Arlindo Furtado também considerou que a situação é “muito preocupante, grave e chocante” e, segundo ele, há “qualquer coisa que está a acontecer que não dá para entender”.
Por sua vez, a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Janira Hopffer Almada, também se manifestou preocupada com a situação e pediu à comunicação social para não deixar que estes casos caiam no esquecimento.
LC/FP, por:Inforpress
COMMENTS