Quer ser juiz mas por enquanto trabalha numa discoteca para pagar o curso - São Vicente
Autodefine-se como uma mulher fruto das próprias escolhas, estuda e trabalha desde o liceu, encontra-se neste momento no 5º ano do curso de Direito, quer ser juiz, mas por enquanto trabalha numa discoteca para pagar o curso.
Aos 25 anos, Vânia Monteiro, jovem mulher de quem se fala neste Dia da Mulher Cabo-verdiana, mindelense, tem as ideias todas arrumadas na cabeça, próprio, como diz, de quem lutou sempre para obter tudo o que conseguiu até hoje.
Vânia contou que desde os liceus estuda e trabalha, ou seja, começou numa loja chinesa para pagar os estudos e outras despesas, já que “nem sempre” os pais tinham disponibilidade financeira e, por isso, preferiu “correr atrás” a pedir.
“Por exemplo, os dois anos do terceiro ciclo do ensino e as despesas com as actividades que marcaram o finalista de 12º ano foram custeadas por mim, através do meu trabalho”, lançou, orgulhosa, esta jovem mulher que tem como referência a avó Joana, falecida faz agora um ano.
Mal terminou o liceu sabia que queria fazer um curso superior, aliás ainda na escola primária lembra-se de, nas suas redacções, mencionar sempre que queria fazer um curso superior.
“Então, terminei o liceu, trabalhei uma semana numa discoteca e o dinheiro da semana de trabalho entreguei-o na universidade para pagar a inscrição no curso de Direito, sem saber como é que me iria desenrascar para pagar a propina mensal”, lançou a jovem.
Felizmente para ela que surgiram concursos para obtenção de bolsa de estudo da câmara e do Ficase.
Vânia concorreu, foi seleccionada e não mais se preocupou com a propina, mas continua a trabalhar para obter formas de se sustentar, pois não tem filhos, mas vive sozinha em casa arrendada.
Na discoteca onde trabalha actualmente faz atendimento personalizado numa zona específica do espaço, tipo uma zona VIP ou privado, e deve garantir que as pessoas não sejam incomodadas naquele espaço da discoteca, num trabalho em que “a simpatia é a chave”.
“Entro às 23:30 e saio às 06:00, de quinta-feira a domingo, o que é cansativo, pois estudo à noite e trabalho, e quando saio do trabalho, de manhã, quero é só ver uma cama, dormir à-vontade (…)”, concretizou Vânia Monteiro, reconhecendo que esse horário pode levar a um “certo desânimo” no estudo.
“Dou-me bem com os meus colegas, o sacrifício está a valer a pena até porque pouco conta, nada não conta mesmo, e quando me lembro que sou eu quem me garanto em tudo, aí então sou obrigada a lutar para atingir o objectivo mais próximo que é concluir o meu curso”, concretizou.
“É um trabalho honesto, por isso aqui não há gostar ou não gostar do que se está a fazer num dado momento”, reforçou.
Mas Vânia, a princípio, queria tirar Filosofia, disciplina que adorou, como afirmou, no 11º e 12º anos do liceu, mas aqui também surge a influência da avó Joana, através de uma expressão, que a leva a fazer Direito.
“Dizia ela que sou tão teimosa que nem sete advogados me conseguiriam derrubar, talvez por ser uma pessoa persistente e, com a razão do meu lado, ninguém me cala”, ajuntou. “Mas se não tiver razão fico calada”, sintetizou.
Mas os 25 anos de vida da Vânia não foram ocupados apenas com o trabalho e os estudos, pois, pelo meio, há uma incursão recente pela política activa, na União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), a convite do histórico do partido Lídio Silva, a “referência” da Vânia na política.
“Via sempre aquele senhor a caminhar nas ruas, até que um dia, aos 23 anos, no terceiro ano de Direito, decidi abordá-lo por curiosidade, apresentei-me, mas nem sabia, à época, a que partido pertencia”, explicou Vânia que, várias conversas depois, material de leitura disponibilizado, trajectória da UCID assimilada aceita a proposta para entrar na UCID, e faz logo o cartão de militante.
Entrou para a lista e passou a ser a mais jovem candidata a deputada nacional da UCID, nas legislativas de Março de 2016 e nas autárquicas de Setembro do mesmo ano.
“Gostei da campanha eleitoral que a UCID fez naquela época, fui bem acolhida, mas há um senão: se por um lado gostei de tudo o que me falou o Lídio Silva, pessoa merecedora de todo o respeito, sobre o partido, a verdade é que lá dentro, hoje, a coisa é bem diferente”, lançou Vânia, que há pouco tempo bateu com a porta e desvinculou-se do partido. Assunto que prefere abordar numa outra ocasião.
“Gostei da minha intervenção nas campanhas, continuo atenta à política, mas neste momento não estou ligada a qualquer partido”, especificou a jovem, que em Julho deve concluir o curso de Direito.
E que ideia tem a Vânia sobre a política que se faz em Cabo Verde foi a questão que a jovem não driblou e de pronto justificou: “Penso que nós jovens esperávamos mais dos políticos. Precisamos de políticas para o trabalho, oportunidades. Para termos um Cabo Verde melhor a aposta terá que ser feita na juventude, mas até agora não vejo esta direcção na política cabo-verdiana, vejo sim muitos licenciados no desemprego”.
Por que hoje é Dia da Mulher Cabo-verdiana, “aquela guerreira”, segundo a nossa entrevistada, Vânia pede que ela (a mulher cabo-verdiana) seja colocada em primeiro lugar “em tudo”, pela luta que faz para conseguir o seu sustento, porque mesmo sem apoio de ninguém corre atrás e consegue e, até, pode ficar sem comer para dar de comer aos filhos.
“Peço à mulher cabo-verdiana para continuar a lutar para que Cabo Verde tenha uma sociedade melhor, desistir nunca, foco porque o futuro é das mulheres”. concluiu.
AA/CP, por:Inforpress
Aos 25 anos, Vânia Monteiro, jovem mulher de quem se fala neste Dia da Mulher Cabo-verdiana, mindelense, tem as ideias todas arrumadas na cabeça, próprio, como diz, de quem lutou sempre para obter tudo o que conseguiu até hoje.
Vânia contou que desde os liceus estuda e trabalha, ou seja, começou numa loja chinesa para pagar os estudos e outras despesas, já que “nem sempre” os pais tinham disponibilidade financeira e, por isso, preferiu “correr atrás” a pedir.
“Por exemplo, os dois anos do terceiro ciclo do ensino e as despesas com as actividades que marcaram o finalista de 12º ano foram custeadas por mim, através do meu trabalho”, lançou, orgulhosa, esta jovem mulher que tem como referência a avó Joana, falecida faz agora um ano.
Mal terminou o liceu sabia que queria fazer um curso superior, aliás ainda na escola primária lembra-se de, nas suas redacções, mencionar sempre que queria fazer um curso superior.
“Então, terminei o liceu, trabalhei uma semana numa discoteca e o dinheiro da semana de trabalho entreguei-o na universidade para pagar a inscrição no curso de Direito, sem saber como é que me iria desenrascar para pagar a propina mensal”, lançou a jovem.
Felizmente para ela que surgiram concursos para obtenção de bolsa de estudo da câmara e do Ficase.
Vânia concorreu, foi seleccionada e não mais se preocupou com a propina, mas continua a trabalhar para obter formas de se sustentar, pois não tem filhos, mas vive sozinha em casa arrendada.
Na discoteca onde trabalha actualmente faz atendimento personalizado numa zona específica do espaço, tipo uma zona VIP ou privado, e deve garantir que as pessoas não sejam incomodadas naquele espaço da discoteca, num trabalho em que “a simpatia é a chave”.
“Entro às 23:30 e saio às 06:00, de quinta-feira a domingo, o que é cansativo, pois estudo à noite e trabalho, e quando saio do trabalho, de manhã, quero é só ver uma cama, dormir à-vontade (…)”, concretizou Vânia Monteiro, reconhecendo que esse horário pode levar a um “certo desânimo” no estudo.
“Dou-me bem com os meus colegas, o sacrifício está a valer a pena até porque pouco conta, nada não conta mesmo, e quando me lembro que sou eu quem me garanto em tudo, aí então sou obrigada a lutar para atingir o objectivo mais próximo que é concluir o meu curso”, concretizou.
“É um trabalho honesto, por isso aqui não há gostar ou não gostar do que se está a fazer num dado momento”, reforçou.
Mas Vânia, a princípio, queria tirar Filosofia, disciplina que adorou, como afirmou, no 11º e 12º anos do liceu, mas aqui também surge a influência da avó Joana, através de uma expressão, que a leva a fazer Direito.
“Dizia ela que sou tão teimosa que nem sete advogados me conseguiriam derrubar, talvez por ser uma pessoa persistente e, com a razão do meu lado, ninguém me cala”, ajuntou. “Mas se não tiver razão fico calada”, sintetizou.
Mas os 25 anos de vida da Vânia não foram ocupados apenas com o trabalho e os estudos, pois, pelo meio, há uma incursão recente pela política activa, na União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), a convite do histórico do partido Lídio Silva, a “referência” da Vânia na política.
“Via sempre aquele senhor a caminhar nas ruas, até que um dia, aos 23 anos, no terceiro ano de Direito, decidi abordá-lo por curiosidade, apresentei-me, mas nem sabia, à época, a que partido pertencia”, explicou Vânia que, várias conversas depois, material de leitura disponibilizado, trajectória da UCID assimilada aceita a proposta para entrar na UCID, e faz logo o cartão de militante.
Entrou para a lista e passou a ser a mais jovem candidata a deputada nacional da UCID, nas legislativas de Março de 2016 e nas autárquicas de Setembro do mesmo ano.
“Gostei da campanha eleitoral que a UCID fez naquela época, fui bem acolhida, mas há um senão: se por um lado gostei de tudo o que me falou o Lídio Silva, pessoa merecedora de todo o respeito, sobre o partido, a verdade é que lá dentro, hoje, a coisa é bem diferente”, lançou Vânia, que há pouco tempo bateu com a porta e desvinculou-se do partido. Assunto que prefere abordar numa outra ocasião.
“Gostei da minha intervenção nas campanhas, continuo atenta à política, mas neste momento não estou ligada a qualquer partido”, especificou a jovem, que em Julho deve concluir o curso de Direito.
E que ideia tem a Vânia sobre a política que se faz em Cabo Verde foi a questão que a jovem não driblou e de pronto justificou: “Penso que nós jovens esperávamos mais dos políticos. Precisamos de políticas para o trabalho, oportunidades. Para termos um Cabo Verde melhor a aposta terá que ser feita na juventude, mas até agora não vejo esta direcção na política cabo-verdiana, vejo sim muitos licenciados no desemprego”.
Por que hoje é Dia da Mulher Cabo-verdiana, “aquela guerreira”, segundo a nossa entrevistada, Vânia pede que ela (a mulher cabo-verdiana) seja colocada em primeiro lugar “em tudo”, pela luta que faz para conseguir o seu sustento, porque mesmo sem apoio de ninguém corre atrás e consegue e, até, pode ficar sem comer para dar de comer aos filhos.
“Peço à mulher cabo-verdiana para continuar a lutar para que Cabo Verde tenha uma sociedade melhor, desistir nunca, foco porque o futuro é das mulheres”. concluiu.
AA/CP, por:Inforpress
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