Três meses depois do misterioso desaparecimento da menina de dez anos de Eugénio Lima (Praia), Edvânea Gonçalves, as autoridades ainda não conseguiram localizá-la, enquanto os pais acalentam a esperança de encontrar a filha com vida.
O último caso de desaparecimento aconteceu no passado dia 03 deste mês. Clarisse Mendes (Nina), de 9 anos, e Sandro Mendes (Filú), de 11, saíram de casa por volta das 17:00, em Achada Limpa, para irem comprar açúcar, em Água Funda, na Cidade da Praia, e não regressaram.
Em conferência de imprensa na Cidade da Praia, o director nacional da Polícia Judiciária, António Sousa, garantiu que prosseguem as investigações sobre o desaparecimento das cinco pessoas, sendo um adulto e quatro crianças.
O responsável da polícia científica cabo-verdiana admitiu a possibilidade de pedirem apoio internacional para a localização daquelas pessoas, mas entende que caberá à equipa criada pela Procuradoria Geral da República pronunciar-se sobre a necessidade ou não da solicitação da tal ajuda.
Entretanto, por despacho do procurador geral da República, foi criada uma equipa conjunta, composta por elementos da PJ e da Polícia Nacional, coordenada por um procurador da República, para trabalhar exclusivamente nos casos de desaparecimento de pessoas.
Por outro lado, a Inforpress apurou junto de uma fonte da PJ que as ossadas humanas encontradas no passado dia 18 de Janeiro, na localidade de Ponta Bicuda, Achada Grande Trás, Praia, apontam no sentido de pertencerem a uma criança.
A fonte da Inforpress não adiantou pormenores, alegando que, neste momento, estão a preparar a redacção e que o processo “está em investigação”.
“Quando houver algum resultado credível, falaremos sobre este assunto”, disse a fonte que não quis entrar em detalhes.
O desaparecimento misterioso de pessoas na capital tem inquietado a sociedade civil.
Para o Cardeal Dom Arlindo Furtado, a situação é “muito preocupante, grave e chocante” e, segundo ele, há “qualquer coisa que está a acontecer que não dá para entender”.
Por sua vez, a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição), Janira Hopffer Almada, também se manifestou preocupada com a situação e pediu à comunicação social para não deixar que estes casos caiam no esquecimento.
Em declarações também à imprensa, o director nacional das Aldeias SOS de Cabo Verde, Dionísio Pereira, declarou-se “preocupado e indignado” com os casos de desaparecimento de crianças em Cabo Verde e defendeu o reforço dos mecanismos de controlo e de intervenção.
“Desde logo, nós temos de dar atenção ao que vem previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que prevê a criação de comités de protecção infantil em todos os municípios”, disse aos jornalistas, explicando que esses comités devem ser constituídos por jovens, adolescentes, famílias autoridades locais, organizações da sociedade civil, no sentido de se criarem redes.
Também em declarações à imprensa à margem de cerimónia de empossamento dos novos membros da Cruz Vermelha de Cabo Verde, o Presidente da República exprimiu a sua inquietude a esse respeito, tendo afirmado que a situação “exige resposta por parte das autoridades” e que, caso for necessário, devem solicitar apoio a nível exterior.
Apesar de ter lançado esse repto, Jorge Carlos Fonseca apelou, no entanto, à “serenidade” para que não haja situações de pânico.
“(…) Todos devem estar unidos nesta hora e temos de encontrar respostas com a rapidez possível, eficiência e esperar que as autoridades competentes, possam desenvolver o seu trabalho de investigação…”, enfatizou Jorge Carlos Fonseca.
LC/FP, por: Inforpress, pub em 14 Fev
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