Sinto-me profundamente revoltada com a incoerência da camada jovem. Tanto querem, para pouca luta.
Sinto-me revoltada. Revoltada com os ditos cujos que se acham no direito de magoar outras pessoas.
Sinto-me revoltada com os ditos amigos, que tiram a vida de outras pessoas sob a desculpa de não estarem bem consigo mesmos.
Sinto-me profundamente revoltada com a incoerência da camada jovem. Tanto querem, para pouca luta.
Estou deveras revoltada com as pessoas que se acham donas das outras. Que não respeitam o nosso espaço, que não se preocupam verdadeiramente com o nosso bem-estar, mas querem ver sempre a melhor versão de nós próprios.
Sinto-me revoltada. Sinto-me extremamente revoltada com os que se acham no direito de alimentar falsas esperanças quando não têm a verdadeira intenção de amar. Revoltada estou, por fazer parte de um mundo em que a cor da pele é mais importante que o sorriso, que o brilho nos olhos.
Sim, estou extremamente revoltada com este mundo que, da forma mais que perfeita, foi-nos entregue, que hoje os jovens matam-se uns aos outros, com a desculpa de que têm inveja do talento alheio.
Sim, este mundo não progride. Este mundo apenas nos convence diariamente da existência de uma falsa progressão, de um falso desenvolvimento, de um falso amor e de uma falsa paz.
Sinto-me revoltada. Muito revoltada, a cada vez que o sol sai do ocidente e esmira o expoente; a cada vez que se ouve um choro no hospital, quando alguém nasce; a cada vez que mil jovens proclamam a sua formatura; a cada vez que alguém se intitula de pacificador.
Estou revoltada. Revoltada com este mundo em que o amor é um enigma, a esperança é uma falsa ilusão dos que, pobremente, se convencem de estarem bem, tranquilos e "em paz".
Sinto-me revoltada. Profundamente revoltada.
O mundo tem tomado rumos que assustam. A esperança vai-se ofuscando no meio do nada, muitos abriram a mão da sua própria fé sob a desculpa de não terem mais forças para lutar.
No meio de tantas revoltas, folgo em saber que há pessoas que continuaram a escrever "asneiras" para acordar o planeta. Folgo em saber que as crianças nascem completamente "vazias" e cabe-nos, a nós, incuti-las valores, ensiná-las a amar, a respeitar e a entender o próximo.
A revolta? Ela é uma constante em mim. Fico triste em saber que as flores já sentem medo de abrir as suas pétalas ao vento, várias gotinhas de água continuam descendo na cara de mães que, diariamente, choram por perderem os seus filhos...
Na calada da noite, só pergunto: será que ainda há esperança para nós?
Há. Há sim.
No meio de tantas dores e mágoas, prefiro acreditar que chegará um dia em que a humanidade será despertada a pensar de forma diferente, a agir com compaixão e a amar sem limites.
Até lá, chamo o nhu "Djonsa", a "mina de fora", para mais uma conversa no meu quarto, no silêncio da noite...
Continuo nesta minha dura insistência de colorir o mundo com as mais belas cores, os mais belos pensamentos, porque aprendi que o caminho para ser feliz é mesmo esse.
Dicla Gonçalves
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