O sistema está repleto de professores quase analfabetos, muitos deles selecionados sem qualquer avaliação das suas competências cientificas
Comentário do dia - nessa rubrica trazemos comentários que destacam nas redes sociais
com a polémica dos erros nos manuais escolares em Cabo Verde, vários personalidades do país reagiram e deram a sua opinião...
João Branco: "Não penso que o episódio dos livros seja um caso de "vergonha nacional". É "apenas" uma consequência da real vergonha nacional que é um sistema de educação de tal forma degradado que uma diretora nacional da educação não só não é imediatamente demitida como ainda considera normal ir para a radio nacional afirmar que essas aberrações vão mesmo ser utilizadas nas aulas em nome do Ministério da Educação. Como foi que chegamos a este ponto? Esta a grande questão!"
Comentário de Nuno Godinho Cunha: "Sou professor universitário em Cabo Verde, adoro este país, e é com todo o respeito e amizade que deixo um preocupante alerta: Que se experimente fazer um estudo do perfil de competências adquiridas dos universitários que acabam os cursos em Cabo Verde e, garanto, o "choque" da opinião pública vai ser brutal (ou não, porque nas conversas de mesa de café toda a gente fala demonstrando ter a percepção real sobre problema). Dizem as estatísticas que só 3 em cada dez alunos que entram na universidade acabam os cursos. Mas o pior é que desses que terminam, 80% têm imensas dificuldades em escrever uma simples carta, têm até dificuldade em formular uma frase.
É extremamente preocupante o que se está a passar pois compromete todo o presente e o futuro da sociedade cabo-verdiana e do país. O acesso à educação é um direito básico e fundamental, a privação do acesso à mesma traduz-se quase inevitavelmente numa vida em situação de pobreza. Mas, com estes resultados, temos que concluir que todo o sistema de ensino cabo-verdiano é uma farsa completa e que não está a cumprir o seu papel. O sistema está repleto de professores quase analfabetos, muitos deles selecionados sem qualquer avaliação das suas competências cientificas, não há mérito, entram para os quadros porque são da família, do partido ou amiguinhos das festas do “passa sab”. É a pura realidade e comprovo se necessário.
Estes erros nos manuais são, infelizmente, só um pequeno reflexo deste sistema que está a estender os seus impactos negativos a todos os sectores, pois produz recursos humanos para as organizações publicas e privadas que não estão minimamente capacitados. Até na imprensa cabo-verdiana, é raro não se verem textos com erros e a pobreza analítica é evidente. Gostaria de não ferir as auto-estimas de ninguém, não é essa a intenção, é um alerta, pois há problemas de tão graves que são, por Cabo Verde, não nos podemos calar."
com a polémica dos erros nos manuais escolares em Cabo Verde, vários personalidades do país reagiram e deram a sua opinião...
João Branco: "Não penso que o episódio dos livros seja um caso de "vergonha nacional". É "apenas" uma consequência da real vergonha nacional que é um sistema de educação de tal forma degradado que uma diretora nacional da educação não só não é imediatamente demitida como ainda considera normal ir para a radio nacional afirmar que essas aberrações vão mesmo ser utilizadas nas aulas em nome do Ministério da Educação. Como foi que chegamos a este ponto? Esta a grande questão!"
Comentário de Nuno Godinho Cunha: "Sou professor universitário em Cabo Verde, adoro este país, e é com todo o respeito e amizade que deixo um preocupante alerta: Que se experimente fazer um estudo do perfil de competências adquiridas dos universitários que acabam os cursos em Cabo Verde e, garanto, o "choque" da opinião pública vai ser brutal (ou não, porque nas conversas de mesa de café toda a gente fala demonstrando ter a percepção real sobre problema). Dizem as estatísticas que só 3 em cada dez alunos que entram na universidade acabam os cursos. Mas o pior é que desses que terminam, 80% têm imensas dificuldades em escrever uma simples carta, têm até dificuldade em formular uma frase.
É extremamente preocupante o que se está a passar pois compromete todo o presente e o futuro da sociedade cabo-verdiana e do país. O acesso à educação é um direito básico e fundamental, a privação do acesso à mesma traduz-se quase inevitavelmente numa vida em situação de pobreza. Mas, com estes resultados, temos que concluir que todo o sistema de ensino cabo-verdiano é uma farsa completa e que não está a cumprir o seu papel. O sistema está repleto de professores quase analfabetos, muitos deles selecionados sem qualquer avaliação das suas competências cientificas, não há mérito, entram para os quadros porque são da família, do partido ou amiguinhos das festas do “passa sab”. É a pura realidade e comprovo se necessário.
Estes erros nos manuais são, infelizmente, só um pequeno reflexo deste sistema que está a estender os seus impactos negativos a todos os sectores, pois produz recursos humanos para as organizações publicas e privadas que não estão minimamente capacitados. Até na imprensa cabo-verdiana, é raro não se verem textos com erros e a pobreza analítica é evidente. Gostaria de não ferir as auto-estimas de ninguém, não é essa a intenção, é um alerta, pois há problemas de tão graves que são, por Cabo Verde, não nos podemos calar."
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