A ministra Maritza Rosabal aceitou o pedido de demissão da directora nacional de Educação, Adriana Mendonça, na sequência da polémica à volta dos erros nos novos manuais escolares do ensino básico, informa hoje em comunicado o Ministério da Educação.
“De destacar que a Drª Adriana Mendonça e a equipa liderada por si conseguiram, num contexto excepcional, criar as condições para o desenvolvimento do projecto educativo e da Direcção Nacional de Educação (DNE), lê-se na nota.
Segundo a mesma fonte, sob a coordenação de Adriana Mendonça deu-se uma “nova alma” ao projecto educativo em Cabo Verde, um “feito meritório”, no entender da tutela, que exigiu desta profissional uma “entrega de corpo e alma e um abandono de projectos pessoais e profissionais” para se dedicar inteiramente a redesenhar os novos conteúdos educativos do país.
“Isto implicou mudanças substanciais na vida pessoal da mesma, que mesmo sem a companhia familiar, aceitou e desempenhou com mérito um cargo da mais alta exigência técnica e profissional. O desempenho da Drª Adriana Mendonça destacou-se por ter tido como único objectivo a promoção de uma educação de qualidade para a nova geração de cabo-verdianos”, enaltece.
O Ministério da Educação enaltece ainda o perfil “único” e o “percurso profissional de mérito” da directora nacional de Educação, que se destaca por um nível de “expertise” no sector pouco comum e de alto valor acrescentado para qualquer instituição com que colabora.
Aproveita igualmente para desejar a Adriana Mendonça os “maiores sucessos” profissionais nos próximos desafios que abrace, ciente de que as experiências acumuladas durante estes anos de serviço pela causa da educação “abrirão muitas portas e novos combates” pelo bem comum.
Os erros foram constatados nos manuais (Matemática, sobretudo) do 1º ao 4º ano. Entre os erros constatados no manual do 1º e 2º anos de Matemática destaca-se um erro ortográfico na lombada do manual (Matimática em vez de Matemática), um erro de sintaxe (à ao), um erro de cálculo (2×2=12), quatro palavras em inglês e uma denominação de serviços sociais, no lugar de serviços públicos.
Há ainda a indicação de meses com o número de dias errado (dezembro tem apenas 30 dias) e exercícios em que é pedido para decompor, por exemplo, 5.000 = 9.000X—– ou 11.000X—-.
A contestação dos pais surgiu nas redes sociais, onde se multiplicam os exemplos de incorreções detectadas em vários manuais e se exige a responsabilização do Governo, que produz os referidos manuais, editados por uma empresa sueca.
A directora nacional de Educação, Adriana Mendonça, que surge como a responsável pela revisão, admitiu, em conferência de imprensa, o que classificou como “gralhas”, adiantando que não “deveriam lá estar”.
Ressalvou, porém, que não se trata de um fenómeno restrito apenas aos manuais experimentais, mas que abrange também os manuais antigos em vigor.
Segundo os dados disponibilizados por Adriana Mendonça, na conferência de imprensa, o Ministério da Educação estava a fazer a identificação dos erros em todos os manuais e registou, até ao momento 266 erros e sugestões de alteração em manuais de várias disciplinas do 2.º ao 6.º ano.
Disse ainda que estavam a ser produzidas erratas e foram feitas acções de formação destinadas a orientar os professores na forma como ultrapassar estas incorreções.
“São gralhas que foram identificadas e estão a ser corrigidas”, disse, considerando, que “são naturais” ao processo de produção de livros escolares em Cabo Verde, onde não existem equipas de revisão científica ou pedagógica, nem equipa exclusivamente dedicada à edição.
“Não há motivos para justificar a retirada do manual. Todos os manuais com todas estas gralhas já estão no mercado. Se tirar todo os manuais do 2.º ao 6.º ano, as crianças não vão ter material para trabalhar”, acrescentou, uma opinião defendida igualmente pela ministra da Educação, Maritza Rosabal. fonte:inforpress, foto:anacao.cv
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