Se a ilha é completa, a norte fica a cara de um vento banal Dentro de mim vivi um insistente murro de saudades
Para ser feliz mesmo sem a minha carne
Mas direi…
Se alguém conheceu o mal
Viu no teu chão erguer-se uma prisão
Quem te chamou de fulano de tal
Em forma plena, habita ao norte, a cara e o coração
Ainda que se sente a ausente tarrafa
E te deram o nome de Tarrafal
Se a ilha é completa, a norte fica a cara de um vento banal
Dentro de mim vivi um insistente murro de saudades
Ergue-se, há de se erguer a sentença fatal
Dos poetas, receber-te-ão as saudações.
Ainda que faltam revir os mártires de inúteis impiedades
No Tarrafal, os afrontamentos tem um segredo trivial.
Meu quimérico turístico Tarrafal, estonteias brancas e negrainhas
De mulheres que trinam feito os coqueiros
Ai meu coração,
Mesmo que tivesse trilho aguentaria aquelas belas.
Lindas e sem regra. (lembro o abater do sol diante dessas sereias)
Da praia do presidente de gentes que brincam aos berros
Contorno a cara para dentro do meu coração
Num filme ainda criança, na cara dum povo de fidúcia
Vem la mamãe velha a porta do mercado velho vendendo mamão
Vem saudades de insistência e dos barrulhos la da fábrica. Tanta é a emoção.
Imprimida no rosto do porteiro no dia do último filme deste centenário.
Mal tivesse tido as minhas veias que nasceram nessas estradas
A mesma toponímia de algum rua Macaco que ainda conserva a veia da cidade
Como passa o tempo, asfalta-se o chão, asfalta se os grisalhos das cabeças
Mesmo sendo natural e cativo desta terra de massapés
O meu corpo que deambulava pelos bares movia no ritmo dos meus pés
Quem suportou o Campo e morreu também tem saudade.
Tarrafal, demorei para voltar, neste acontecimento
Impilo os dias la para relíquia, vê-se o nascer da sua graciosa e as serras.
Sei que vim tarde, meu Tarrafal, valerá sempre
Solenizar o teu incomensurável centenário
Porque tinha saudades tuas
Sim, tinha saudades
Se terei que voltar para a minha campa
Ficarei feliz, serei a última voz os teus passos
No caminho de ida de uma largada muito bem falada
La na última morada da rua mais estreita do mundo.
Não arruamento que não tinha rostos com sorriso
Não há um necessitado, medicado com alegria e aconchego
Falar minha terra será sempre
O cheiroso mar preso na minha sepultura
Que me cobrirá eternamente
E o meu corpo que será terra de cultura
Como um finado assassinado pelo Salazar
Um silêncio cru ao norte do último lugar sem lar.
Mario Loff
Se amas o nosso Tarrafal partilhem!
COMMENTS