"Nem o proprio Carnaval Escapou à evolução", por Paulo Varela
...E quem não se lembra do famoso "Nhu Bedju" do nosso tempo de menino, no Tarrafal, vestido de roupa velha, todo extravagante, com uma máscara feita pelas nossas próprias mãos, quando ainda nem sequer conhecíamos o termo "reciclagem", mas, o certo é que os caixotes de papelão e tiras de tecido velhos , serviam-nos de matéria prima para a confeção de máscaras, que cobriam nossos rostos. O objectivo da brincadeira, era passear e "pegar" os meninos, pedir dinheiro e devertir-se até ser reconhecido. Era assim que os da minha geração anunciavamos a chegada do Carnaval.
Carnaval, do Latim, "carni levali", é considerada uma festa que teve sua origem na Grécia Antiga, entre os anos 600 a 520 Antes de Cristo, cujo objectivo simbolizava o agradecimento aos deuses e a revelação histórica aponta para sua adopção pela igreja católica cerca de mil anos depois, já em em meados de 600 depois de Cristo, antes da Quaresma. A festa fundamentava-se essencialmente em abundança no beber vinho e comer carne - daí a expressão "CARNI LEVALI", ou seja, "SUSPENDER A CARNE" para depois entrar no período de jejum que culminarava na Páscoa em que os Cristãos assinalam a morte carnal do Cristo e sua ressureição espiritual. Portanto, a festa do CARNAVAL, está intimamente ligada cultura espiritual, apesar de ser também por estudiosos da bíblia considerada uma festa pagã.
Na contemporaneidade, o Carnaval desenvolveu-se muito em França para depois, se ter expandido pelo mundo na forma como o conhecemos hoje. No continente Africano, somos de opinião que houve uma fusão entre o Carnaval antigo evoluido na Europa e a tradicional manifestação de dança ao toque de tambores e máscaras, simbolos da espiritualidade Africana, tendo sufrido evoluções à medida que a Africa se ajustava às resistencias escravocratas e de luta contra invasores.
hoje o Carnaval tornou-se numa manifestação cultura de "representação" e uma forma de comunicar, passando a desempenhar, práticamente o mesmo papel que a tabanka, outrora, para o caso de Cabo Verde, tornando-se num importante atrativo e Fonte de atração turística.
O nosso "Nhu Bedju", de facto, "Djá bá si kaminhu". Nos tempos presentes, os meninos da geração digital, aproveitam o Carnaval para interagirem com as profissões de seu sonho, com seus heróis do cinema, com a crítica às fragilidades da sociedade. São novos tempos a dizer-nos que a geração do Nho Bedju está a passar à moda. As mensagens hoje são outras porque os desafios tambem são novos. Nho Bedju era brincalhao e ingénuo, proprio de sua época. E de facto quando me vejo ao espellho, os sinais do tempo se manifestam, estampados na minha face, sinto que minha máscara caiu e hoje só faz sentido a vida, quando me ajustar ao novo baile do Carnaval.
Paulo Varela
Carnaval, do Latim, "carni levali", é considerada uma festa que teve sua origem na Grécia Antiga, entre os anos 600 a 520 Antes de Cristo, cujo objectivo simbolizava o agradecimento aos deuses e a revelação histórica aponta para sua adopção pela igreja católica cerca de mil anos depois, já em em meados de 600 depois de Cristo, antes da Quaresma. A festa fundamentava-se essencialmente em abundança no beber vinho e comer carne - daí a expressão "CARNI LEVALI", ou seja, "SUSPENDER A CARNE" para depois entrar no período de jejum que culminarava na Páscoa em que os Cristãos assinalam a morte carnal do Cristo e sua ressureição espiritual. Portanto, a festa do CARNAVAL, está intimamente ligada cultura espiritual, apesar de ser também por estudiosos da bíblia considerada uma festa pagã.
Na contemporaneidade, o Carnaval desenvolveu-se muito em França para depois, se ter expandido pelo mundo na forma como o conhecemos hoje. No continente Africano, somos de opinião que houve uma fusão entre o Carnaval antigo evoluido na Europa e a tradicional manifestação de dança ao toque de tambores e máscaras, simbolos da espiritualidade Africana, tendo sufrido evoluções à medida que a Africa se ajustava às resistencias escravocratas e de luta contra invasores.
hoje o Carnaval tornou-se numa manifestação cultura de "representação" e uma forma de comunicar, passando a desempenhar, práticamente o mesmo papel que a tabanka, outrora, para o caso de Cabo Verde, tornando-se num importante atrativo e Fonte de atração turística.
O nosso "Nhu Bedju", de facto, "Djá bá si kaminhu". Nos tempos presentes, os meninos da geração digital, aproveitam o Carnaval para interagirem com as profissões de seu sonho, com seus heróis do cinema, com a crítica às fragilidades da sociedade. São novos tempos a dizer-nos que a geração do Nho Bedju está a passar à moda. As mensagens hoje são outras porque os desafios tambem são novos. Nho Bedju era brincalhao e ingénuo, proprio de sua época. E de facto quando me vejo ao espellho, os sinais do tempo se manifestam, estampados na minha face, sinto que minha máscara caiu e hoje só faz sentido a vida, quando me ajustar ao novo baile do Carnaval.
Paulo Varela
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