uma sociedade que conta com os seus poetas caminha para a plena liberdade.
Eu sou Mário Loff, mais conhecido por Nor de Gilica, nascido em Ponta Lagoa e criado em Colhe Bicho, mas, assume-se como um tarrafalence ferrenha, e um cabo-verdiano tudu ora.
Qual é o equívoco que as pessoas cometem quando falam de ti?
Não sei, talvez por aparência que eu tenho a cara sempre amarada, normalmente dou a mínima para isso, de as pessoas estarem preocupadas ou estarem a falar da minha vida, mas respeito-as todas e todos, só pelo facto de estarem a falar de mim, isto é sinal de que estão, talvez, a usar a boca para a sua função, mas resta saber se é bem ou mal, mas é a vida.
Como entraste no mundo da escrita?
O meu ai você me pegou…. Bom essa coisa de escrita começou a bem pouco tempo, a cerca de sete anos, mas teve alguém que plantou essa semente há mais de trinta anos, a minha querida Mãe que me obrigava a ler livros e jornais e muitas vezes provocava competição entre eu e o meu irmão mais velho, e mais tarde se tornou um hábito, mas era um habito bom, não completa, já que gosto de ler e não gostava de escrever e sentia essa dificuldade na escola e essas duas coisas estão interligadas, porem, só depois de ter regressado da universidade é que senti a grande necessidade de expor no papel as minhas ideias, foi difícil porque no início as vezes cometemos erros e se não estivermos preparados, motivados e com espirito de ferro, desistiremos à partida, porque para essa actividade é necessário ter um meio social e intelectual que favoreça, debates, trocas de ideias, criticas e por últimos aposta na publicação. Para isso muitas vezes é importante começar a errar para se atingir a qualidade.
O que é a escrita para te?
A escrita é uma arma e uma das coisas mais perigosas que existe no mundo, até para construir as armas é necessário escreve-las. Mas o mais interessante é que ela continua sendo o elo da ligação entre os homens, sobretudo, hoje que continuamos escrevendo a desgraça do mundo, por isso além de ser perigosa ela é fantástica.
O que é que estás a fazer neste momento?
Neste momento estou a terminar um livro com alguns contos sobre Tarrafal da década de 70 e 80, mas ao mesmo tempo estou escrevendo histórias fantásticas da minha fantástica zona Colhe Bicho, melhor não há-de existir.
Já publicaste?
Ainda não publiquei o meu livro. Mas já participei em algumas antologias com os meus poemas, participei com os meus contos, já publicaram alguns dos meu poemas num dos sites [brocos] mais importante do Brasil que é especializado nas questões culturais, aliás é um site premiado e reconhecido pela UNESCO, aproveito para agradecer a Professora Doutora Leila Micolis.
Qual é o teu estilo literário preferido?
Conto e poema.
Consideras ser um poeta?
Acho que ainda não, mas muitos poetas me consideram, só que cada vez tenho a certeza de uma coisa: que uma sociedade que conta com os seus poetas caminha para a plena liberdade.
Qual é a tua motivação de escrever?
A motivação é o de sempre, dar vida ao silencio que habita em mim, e a maioria desses silêncios são as provocações que observo diariamente.
Dos autores que já leste qual é que te surpreendeu?
Já li vários livros e actualmente leio dois livros por semana, em Cabo Verde descobri Chalé Figueira e outros autores que gosto muito, como o Germano e Baltazar, o fantástico poeta José Luiz Tavares e João Lopes Filho com o livro percursos e destinos, mas o estilo da escrita que mais gosto é de um autor que escreve obras histórico-cientificas e que um dia queria vê-lo aventurar nos outros géneros, o jornalista José Vicente Lopes. Mas o autor que me surpreendeu foi o Sidney Sheldon com a sua obra A Ira Dos Anjos e o Fiódor Dostoiévski com o seu Crime e Castigo, mas há variadíssimas obras boas e fantásticas.
Dois livros por semana?
Sim, porque descobri que a leitura é uma das melhores drogas para se viciar e em segundo lugar os nossos pais eram connosco desde a tenra idade em não cultivar o hábito de comprar livros e ir à biblioteca, e sobretudo tentar roubar o livro para o bom uso.
Quais são os seus poetas cabo-verdenos de eleição e no mundo?
Tchalé Figueira, José Luís Tavares. no mundo Ellen Poe, Drummond, Fernando pessoa, Manuel de Barros, etc
Para muitos para fazer mudança temos que entrar na política, acreditas nisso? Tens ambição de algum dia vir a ser candidato na tua cidade? O que achas da política em Cabo Verde?
Políticos todos nós já somos desde a nascença, a entrada na vida partidária é a efectivação da escolha de direita ou da esquerda ou centro esquerda ou direita é talvez o ato final de ser político, qualquer mudança é uma manifestação politica a meu ver, porque a política mexe com a vida das pessoas e das sociedades, e a mudança além de constituir uma rotura com uma determinada realidade ela mexe também com a vida das pessoas repare bem para o Egipto, líbia, Síria etc.
Sobre a política em Cabo Verde. Bem, muitas vezes digo que temos os “melhores” políticos do mundo porque copiam o resto do mundo e acrescentam mais alguma coisinha que temos por aqui, e ao mesmo tempo os melhores abusados do mundo porque abusam da ignorância da raia miúda, mas o culpado não são eles de todo, é que muitas vezes um povo merece os dirigentes políticos que granjeiam, participam na maioria nos actos políticos sem a verdadeira noção de cobrar as responsabilidades e deixar de lado as paixões e botar o país no coração, e quando o partido chega ao coração entes do país quem sofre é a nação que fica doente. Mas o que me inquieta é a esquerda cabo-verdiana que involuntariamente permitira o poder quase absoluto.
Não sabemos o quê que o futuro nos reserva, por isso nunca direi que vou ou nau vou ser candidato um dia, mas será mais para não do que para sim, é que o estado ilusório não combina com o realismo sempre latente.
Personalidade politica que admiro em Cabo Verde?
…. Não os admiro, mas respeito pela inteligência e por serem Cabo-Verdianos: João Domingos, Ulisses Correia e Silva, Vítor Borges, Ana Silva e Cristina.
Não perca a segunda parte desta entrevista
parabéns figura, o que acho estranho, são os comentários no facb, que mostra claramente que os cabaoverdianos não lêem. ler dois livros é coisa mais normal nos lugares que as pessoas tem habito de leitura. força jovem.
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