Ao Primeiro-Ministro, quero dizer que estamos perante uma mudança de paradigma da política em Cabo Verde, ao qual ele deve rapidamente adaptar-se, pois estamos perante a falência do modelo de política que prima pelo “parecer”ao invés do “ser”
O Primeiro-Ministro, fez uso da sua página do facebook para mandar o recado (quiçá condicionar?) os “funcionários estrangeiros”, segundo o chefe do governo, “Devemos aconselhar os funcionários estrangeiros residentes no país a se absterem de comentar, muitas vezes de modo paternalista e inapropriado, e de imiscuir nos assuntos internos, maxime nos político-eleitorais. Cabo Verde é um Estado de Direito Democrático e um país credível na arena internacional.”
A rede de perfis do facebook afectos à candidatura da Dr.ª Janira Hopffer Almada, alinhado com a estratégia de comunicação do partido, entrou no dia com a mesma narrativa, de que o Dr. Ulisses Correia e Silva estaria a descredibilizar as instituições do Estado e, com isso, a prejudicar a imagem de Cabo Verde. Isto tudo por, o Presidente do MpD, considerar que o facto de a DGPE – Direcção Geral do Processo Eleitoral – estar na dependência do Ministério da Administração Interna, portanto do Governo de Cabo Verde, e não sob a tutela do Parlamento, neste caso submetido ao crivo do pluralismo, ser uma fragilidade da nossa Democracia.
A título de enquadramento, temos a dizer o seguinte: Cabo Verde é, segundo a EIU uma Democracia Imperfeita, com uma pontuação de 7,81 (numa escala de 0 a 10), distribuído da seguinte forma pelas categorias:
Processo Eleitoral e Pluralismo – 9,17;
Liberdades Civis – 9,12;
Funcionamento do Governo – 7,86;
Participação Política – 6,67;
Cultura Politica – 6,25.
Assim, quero dizer que a desvalorização da nossa Democracia não é um conceito abstracto, como se pretende fazer passar, mas é antes um conceito objectivo e a única forma de descredibilizar a Democracia de Cabo Verde é a sua despromoção no “Democracy Index”, como aliás aconteceu de 2006 para 2013, onde passamos de uma pontuação de 7,43 para 7,81, com a degradação do resultado na categoria de “Cultura Democrática”, passamos de uma pontuação de 7,43 para os 6,25 de hoje.
Cabo Verde tem de passar a olhar para este ranking como instrumento de trabalho e como uma oportunidade excepcional de competitividade, pois estes rankings não são abstractos nem tão pouco inconsequentes. São preparados com a finalidade de guiarem os investidores externos numa matéria muito sensível: a Segurança do Investimento que esta umbilicalmente ligado à estabilidade política do País destinatário.
Assim, Ulisses Correia e Silva está transversalmente certo, pois a transferência da tutela do processo eleitoral para a CNE, para além de qualificar o nosso processo eleitoral, pois tira da decisão um dos interessados, como, também, estará a potenciar a competitividade global de Cabo Verde como Pais receptor de Investimento directo estrangeiro.
Ao Primeiro-Ministro, quero dizer que estamos perante uma mudança de paradigma da política em Cabo Verde, ao qual ele deve rapidamente adaptar-se, pois estamos perante a falência do modelo de política que prima pelo “parecer”ao invés do “ser”, a emoção esta a dar lugar à razão e a simpatia está perder acento a favor do trabalho. Hoje em dia, Cabo Verde quer resultados e não promessas. Assim, no que no que respeita à oportunidade que a qualificação das nossas instituições democráticas representa, o seu passado é o da perda de pontos ao invés de os ganhar: 15 anos depois, Cabo Verde tinha condições para ser, hoje, uma Democracia Plena e estar a gozar das vantagens comparativas e competitivas que isso representa. Talvez, se, em 2010, tivesse aceitado a proposta do MpD de transferir a tutela das eleições para o CNE, hoje estávamos numa nova etapa do Investimento Directo Estrangeiro.
A transparência não pode ser entendida como um problemas, mas sim como uma oportunidade neste mundo global e globalizado. fonte:luiscarlossilva
COMMENTS